O pré-sal
Localizado em uma área de aproximadamente 149 mil quilômetros quadrados no mar territorial entre os estados de Santa Catarina e Espírito Santo, o Polígono do Pré-Sal está entre as mais importantes descobertas de petróleo e gás natural dos últimos anos.
A profundidade total – a distância entre a superfície do mar e os reservatórios de petróleo abaixo da camada de sal – pode chegar a 7 mil metros. As reservas são compostas por grandes acumulações de óleo leve, de excelente qualidade e com alto valor comercial.
A produtividade dos poços do pré-sal é alta. A produção diária de petróleo no pré-sal passou da média de aproximadamente 41 mil barris por dia, em 2010, para o patamar de 1,9 milhão de barris de óleo por dia em março de 2020.
Hoje, o pré-sal brasileiro é um dos três maiores produtores mundiais de petróleo (ver gráfico abaixo).
Produtividade inicial de poços em diversas regiões do mundo
* Sandrea and Goddard, 2016, New reservoir-quality index forecasts field well-productivity worldwide, Oil & Gas Journal, 7 p
No atual cenário de preços, o maior desafio a ser enfrentado pelos operadores no pré-sal é o de harmonizar a redução de custos e aumento da produtividade dos poços, por um lado, com a segurança operacional e ambiental, por outro.
As descobertas de petróleo nos reservatórios do pré-sal reforçam o papel do Brasil como importante ator no cenário energético mundial e geram importante insumo para o desenvolvimento econômico do país.
A formação do pré-sal
O pré-sal é uma sequência de rochas sedimentares formadas há mais de 100 milhões de anos com a separação do antigo continente Gondwana nos atuais continentes sul-americano e africano.
Entre os dois atuais continentes foram formadas grandes depressões, que deram origem a grandes lagos. Nas regiões mais profundas destes lagos acumularam-se grandes quantidades de matéria orgânica oriundas, principalmente, de algas microscópicas. Esta matéria orgânica, misturada a sedimentos, formou as rochas geradoras de óleo e gás do pré-sal. Após um processo que envolve altas temperaturas e pressões, a matéria orgânica transformou-se em óleo e gás, em um processo denominado geração.
Já nas partes mais rasas, em grandes ilhas lacustres, depositaram-se muitas conchas calcáreas (as coquinas) e posteriormente acumularam-se depósitos de estromatólitos, tipos de algas que formam rochas calcáreas. Estes dois tipos de depósitos constituem os principais reservatórios do pré-sal.
Após a deposição das camadas de estromatólitos, os grandes lagos foram conectados aos oceanos, passando de sistemas lacustres a sistema marinho restrito, que ocasionou a formação de um extenso golfo. Devido ao clima árido predominante naquele tempo (o Aptiano), a evaporação intensa da água marinha, que invadiu estas depressões lacustres, propiciou a acumulação de sais, o que resultou na espessa camada de sal que funcionou como um selo ao impedir que o petróleo escapasse e chegasse à superfície.